segunda-feira, 19 de maio de 2014
terça-feira, 25 de maio de 2010
Viagem à Rússia- Parte I - De Coimbra a Praga
Desde há longos anos que sonhávamos com uma viagem em autocaravana à Rússia!
Em 2007 resolvemos meter os pés a caminho. Preparámos cuidadosamente a nossa aventura, por forma a que fosse minimamente organizada.
Temos por hábito viajar zozinhos, mas para esses lados a coisa fia um bocado mais fino e assim resolvemos recorrer a uma agência especializada nesse tipo de viagens http://www.sanpietroburgo.it/ uma agência com sede em St. Peterburg e com delegação em Itália. Através da net inscreve-mo-nos e eles, com um profissionalismo a toda a prova, trataram de todas as burocracias (vistos e demais documentos necessários).
Assim, ficou combinado apresentar-mo-nos às 9 da manhã do dia 8/08/2007, no parque de estacionamento da estação de comboios na cidade de Résekne, na Letónia, onde seríamos integrados no grupo de autocaravanas italianas para seguirmos, a partir daí, para a fronteira Russa, mais ou menos a 50kms de distância.
Até à Letónia, atravessando a Espanha, França, Alemanha, República Checa, Polónia e Lituânia, estaríamos por nossa conta e risco!
Atafulámos a nossa AC novinha em folha com tudo aquilo que julgávamos imprescindível, desde os comes pré cozinhados e congelados em casa, até, por conselho da agência, umas tanta garrafas de vinho do Porto - que vieram a revelar-se de grande utilidade na Rússia. Roupa, calçado, equipamentos de captação de imagem, GPS, telemóveis, stok de música no ipod, etc, tudo foi checado.
Assim, na madrugada da segunda-feira da última semana de Julho lá arrancámos para a nossa aventura!
A travessia da Espanha fez-se bem, com pernoita numa aldeia algures já perto da fronteira francesa e no dia seguinte, vai de atravessar a França, pelo centro, por zonas já nossas conhecidas de outras viagens e portanto, sempre a andar em direcção ao lago Constança, já na Alemanha.
Nas suas margens existem aldeias encantadoras e com o tempo estava de feição aproveitamos para passear e apreciar a paisagem.
Por aí pernoitamos e, no dia seguinte, pé no acelerador e vai de avançar até
Rothenburg, cidade medieval, no coração da Alemanha, entre Stuttgard e Frankfurt, reconstruída tal qual estava antes com o contributo de muitos países, instituições e cidadãos de todo o mundo, após a sua destruição pelos bombardeamentos aliados na 2ª guerra mundial.
Foi uma visita muito agradável, embora se note que ali tudo está virado para o turismo.
Do lado exterior das muralhas há um parque de pernoita para ACs, que nós aproveitámos para limpar a nossa máquina, tanto por dentro como por fora.
Como o nosso destino seguinte era Praga, lá nos pusemos a caminho, não deixando de apreciar as cidades, aldeias e paisagens magníficas que nos foram surgindo no percurso. No nosso imaginário estava também bem marcada esta cidade de Praga. Aí chegados, dirigimo-nos para a zona dos campings onde paramos para descansar, lavar roupa, pernoitar e preparar tudo para visitarmos a cidade a partir do dia seguinte. Como sempre fazemos quando visitamos alguma grande cidade, adquirimos o bilhete de 72 horas cujo preço inclui transportes públicos, acesso a alguns museus e monumentos e a alguns espectáculos.
Praga não nos desiludiu, embora nos meses de verão seja muito frequentada por turistas e, portanto, atafulhada de gente das mais variadas proveniências: os omnipresentes japoneses, imensos americanos, e também europeus com especial predominância de espanhóis e italianos. Curiosamente até encontramos diversos grupos de portugas!
Numerosos monumentos integram a paisagem urbana da capital, composta de lindas ruelas de traçado irregular que contrastam com os novos bairros residenciais, de arquitetura moderna. As partes históricas da cidade são preservadas como monumentos nacionais.
Entre os prédios mais importantes destaca-se o Castelo de Praga fortificado na colina Hradcany, construído entre os séculos XIV e século XVII, onde na actualidade mora o presidente da república e antiga residência dos reis da Boémia
No bairro Malá Strana esta uma das duas igrejas barrocas de São Nicolau, a igreja do Menino Jesus de Praga, a igreja do Loreto (do século XVIII) e numerosos palácios da aristocracia tcheca, do século XVII, em estilo barroco.
Na Staré Město (a Cidade Velha), há inúmeros monumentos e relíquias da história checa. Destacam-se a igreja Týnský, em estilo gótico, construída no século XIV, na qual se acha o túmulo do astrônomo Tycho Brahe; o bairro Josefstadt, com o gueto e o cemitério judaicos, do século XII, e a sinagoga.
Encontra-se ali o relógio Astronômico Orloj
Na Nové město (ou na Cidade Nova) figuram a estátua de São Venceslau, de 1915, e o Museu Nacional. Outras edificações de destaque são o Prikopy, local da antiga fortaleza; o Teatro dos Estados, estreou a ópera Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart; o Teatro Nacional, de1883; igrejas e palácios barrocos e a estátua do líder hussita Jan Ziska.
Entre as numerosas pontes que atravessam o rio Vlatva está a famosa Ponte Carlos que liga a Cidade Velha ao Castelo de Praga.
Os três dias passados em Praga souberam a pouco, mas a viagem tinha de continuar e... lá nos pusemos a caminho da Polónia.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Passeio na Páscoa
Ora cá estou novamente, após a nossa pequena viagem de uma semana pelo Alentejo. A coisa foi um bocado afectada pelo mau tempo que se fez sentir,principalmente no litoral, mas como não estamos obrigados a permanecer no mesmo local, lá fomos descendo até Aljezur à procura de menos vento, menos chuva e algum sol. Acabámos por optar pelo interior e aí o vento foi menos agreste.
Mas... vamos a um pequeno relato da viagem:
Saímos de Coimbra sexta feira depois de almoço em direcção à Ericeira onde pensávamos poder jantar, comprar aqueles bolos especiais aí fabricados e muito bons! Na nossa família alargada, sempre que alguém por lá passa, temos a tradição de adquirir umas dúzias para posteriormente oferecer aos elementos da tribo que pensamos visitar próximamente e como iríamos almoçar em Lisboa no dia seguinte em casa de primos, impunha-se cumprir a tradição. Infelizmente fomos confrontados com uma situação insólita de colocação de travessões em altura impeditivos de estacionamento de ACs nos parques públicos à entrada da povoação, embora os mesmos estivessem vazios! Claro que, se calhar por coincidência, do outro lado da estrada há um parque de campismo! Enfim, tentámos estacionar noutros locais mas acabámos por não conseguir e... lá se foi a tradição!
De manhã, fomos a cordados pelo insuportável troar de largas centenas bombas de uma concentração de motards. Arrancámos em direcção a Lisboa e alta tarde lá fomos nós a caminho do SW alentejano, sempre à beira mar até Porto Covo onde nos foi dado presenciar, de novo, as tais traves a impedir acesso a parques de estacionamento vazios! Mais uns responsáveis de curta visão! Será que não são capazes de por as suas brilhantes cabeças a funcionar? Talvez a culpa não seja deles mas sim de quem lá os coloca! Enfim, são os autarcas que temos e, se calhar, merecemos! Mas... adiante!
Após uma noite bem descansada e com o tempo a melhorar, optámos por continuar para sul, ao longo da costa e após diversas paragens para apreciar as magníficas arribas da costa, acabámos o dia , á beira mar, na praia de S.to André onde dormimos no parque de estacionamento em cima da praia e ao lado do restaurante aí existente. Tivemos por companhia uma outra Ac, embora, num descampado encostado às dunas, estivesse um acampamento de ACs, nacionais e estrangeiras. Pelo ar, pareciam para ficar, mas como não estávamos particularmente interessados em concentrações, limitámo-nos a apreciar de longe.
Após as necessárias limpezas matinais - da AC e nossas -, pequeno almoço e abastecimento de água no fontanário e despejo da cassete e das águas sabonetadas no WC público à saída da praia, lá vamos nós a caminho de Aljezur onde estacionámos no parque público. Como já não passávamos por lá há vários anos, decidimos dar uma volta pela vila. Notámos algum cuidado da autarquia com a recuperação da parte histórica, embora muito ainda terá de ser feito, dado o grau de decadência a que o aglomerado tinha chegado. Lanche, paleio com um casal AC inglês que tinha estacionado ao nosso lado e lá vamos nós, com azimute norte, dado que os dias iam passando e sempre era mais avisado não termos de fazer grande quilometragem no último dia para regressar a casa.
Acabámos por subir até Ourique e pernoitámos nas margens da barragem de Monte da Rocha. Aí tivemos por companhia 25 ACs de diversas nacionalidades. Éramos os únicos portugueses. Mais uma vez, deu para perceber o potencial que os ACs aposentados europeus com bom poder de compra e desejosos de fugir dos climas pouco amenos das suas terras poderão vir a representar para a nossa economia, assim os responsáveis tenham a visão necessária.
Como a Magda tinha que corrigir uma tese de uma aluna, optámos por ficar aí dois dias. Enquanto ela trabalhava, eu e a Joana aproveitámos para longos e muito agradáveis passeios pelas margens da barragem à semelhança, aliás, de grande parte dos nossos vizinhos estrangeiros. Foi uma estadia muito agradável até pelo convívio entre gente das mais diversas nacionalidades: noruegueses, suecos, dinamarqueses, alemães, holandeses, checos, ingleses e franceses e...nós, claro.
Bem, o tempo urge, dado que temos de ir jantar com os meus sogros à quinta no Espinhal e portanto, lá vamos nós a caminho até aí após uns dias bem passados, tranquilos, sem stress.
A próxima viagem, essa mais longa, será em Agosto até à Escócia.
Faremos um relato pormenorizado, se possível com fotos e alguns filmezitos. Até lá, espero acabar de preparar o relato de outras viagens por essa Europa fora, efectuadas em anos anteriores: Rússia, Holanda, Itália/Sicília, Itália/Norte, etc.
Mas... vamos a um pequeno relato da viagem:
Saímos de Coimbra sexta feira depois de almoço em direcção à Ericeira onde pensávamos poder jantar, comprar aqueles bolos especiais aí fabricados e muito bons! Na nossa família alargada, sempre que alguém por lá passa, temos a tradição de adquirir umas dúzias para posteriormente oferecer aos elementos da tribo que pensamos visitar próximamente e como iríamos almoçar em Lisboa no dia seguinte em casa de primos, impunha-se cumprir a tradição. Infelizmente fomos confrontados com uma situação insólita de colocação de travessões em altura impeditivos de estacionamento de ACs nos parques públicos à entrada da povoação, embora os mesmos estivessem vazios! Claro que, se calhar por coincidência, do outro lado da estrada há um parque de campismo! Enfim, tentámos estacionar noutros locais mas acabámos por não conseguir e... lá se foi a tradição!
De manhã, fomos a cordados pelo insuportável troar de largas centenas bombas de uma concentração de motards. Arrancámos em direcção a Lisboa e alta tarde lá fomos nós a caminho do SW alentejano, sempre à beira mar até Porto Covo onde nos foi dado presenciar, de novo, as tais traves a impedir acesso a parques de estacionamento vazios! Mais uns responsáveis de curta visão! Será que não são capazes de por as suas brilhantes cabeças a funcionar? Talvez a culpa não seja deles mas sim de quem lá os coloca! Enfim, são os autarcas que temos e, se calhar, merecemos! Mas... adiante!
Após uma noite bem descansada e com o tempo a melhorar, optámos por continuar para sul, ao longo da costa e após diversas paragens para apreciar as magníficas arribas da costa, acabámos o dia , á beira mar, na praia de S.to André onde dormimos no parque de estacionamento em cima da praia e ao lado do restaurante aí existente. Tivemos por companhia uma outra Ac, embora, num descampado encostado às dunas, estivesse um acampamento de ACs, nacionais e estrangeiras. Pelo ar, pareciam para ficar, mas como não estávamos particularmente interessados em concentrações, limitámo-nos a apreciar de longe.
Após as necessárias limpezas matinais - da AC e nossas -, pequeno almoço e abastecimento de água no fontanário e despejo da cassete e das águas sabonetadas no WC público à saída da praia, lá vamos nós a caminho de Aljezur onde estacionámos no parque público. Como já não passávamos por lá há vários anos, decidimos dar uma volta pela vila. Notámos algum cuidado da autarquia com a recuperação da parte histórica, embora muito ainda terá de ser feito, dado o grau de decadência a que o aglomerado tinha chegado. Lanche, paleio com um casal AC inglês que tinha estacionado ao nosso lado e lá vamos nós, com azimute norte, dado que os dias iam passando e sempre era mais avisado não termos de fazer grande quilometragem no último dia para regressar a casa.
Acabámos por subir até Ourique e pernoitámos nas margens da barragem de Monte da Rocha. Aí tivemos por companhia 25 ACs de diversas nacionalidades. Éramos os únicos portugueses. Mais uma vez, deu para perceber o potencial que os ACs aposentados europeus com bom poder de compra e desejosos de fugir dos climas pouco amenos das suas terras poderão vir a representar para a nossa economia, assim os responsáveis tenham a visão necessária.
Como a Magda tinha que corrigir uma tese de uma aluna, optámos por ficar aí dois dias. Enquanto ela trabalhava, eu e a Joana aproveitámos para longos e muito agradáveis passeios pelas margens da barragem à semelhança, aliás, de grande parte dos nossos vizinhos estrangeiros. Foi uma estadia muito agradável até pelo convívio entre gente das mais diversas nacionalidades: noruegueses, suecos, dinamarqueses, alemães, holandeses, checos, ingleses e franceses e...nós, claro.
Bem, o tempo urge, dado que temos de ir jantar com os meus sogros à quinta no Espinhal e portanto, lá vamos nós a caminho até aí após uns dias bem passados, tranquilos, sem stress.
A próxima viagem, essa mais longa, será em Agosto até à Escócia.
Faremos um relato pormenorizado, se possível com fotos e alguns filmezitos. Até lá, espero acabar de preparar o relato de outras viagens por essa Europa fora, efectuadas em anos anteriores: Rússia, Holanda, Itália/Sicília, Itália/Norte, etc.
segunda-feira, 22 de março de 2010
A mnha história, desde campista itinerante, até autocaravanista militante - parte 4
Neste texto vou tentar resumir o meu percurso até à chegada da minha 1º autocaravana.
Para não maçar, direi apenas que a auto-tenda vigorou 3 anos, a que se seguiu uma caravana cujo avançado mais parecia um pagode chinês, com montes de espaço e no qual se passaram largas noites de amena cavaqueira e animados debates políticos, ou não estivéssemos no dealbar da nossa democracia. Boas recordações, bons amigos, grandes tertúlias, acalorados debates políticos. Enfim... muitas saudades e memórias de amigos de vários quadrantes políticos! Infelizmente, tudo isso se perdeu, já pela partida de alguns deles, já pelo desencanto na política.
Então, aí pela primavera de 80, resolvi despachar a caravana dada a sua já proveta idade e dificuldade de reboque e montagem do avançado. Felizmente tudo correu bem e, para minha felicidade, consegui desencantar um furgão fiat ducato, "amenagée" com requintes de cuidado (para a época). Ainda hoje tenho saudades dessa máquina! Com ela, comecei a aventurar-me, Europa fora, com grande satisfação, minha e da família.
Era ainda o tempo do lá vem um! em que a saudação entre nós era habitual, em que a convivência era a regra e em que as estruturas de apoio, mesmo na Europa, escasseavam. Nessa altura criei um hábito que ainda hoje mantenho:
- Para pernoitar, optava por pequenas povoações onde entrava ao final do dia, percorrendo-as e escolhendo o local para estacionar, de preferência central, perto das autoridades e, portanto, com bastante segurança. Enquanto a minha mulher tratava do "tacho", dava uma volta, entabulava conversa com os habitantes locais e, não muitas vezes, era simpaticamente convidado a deslocar a viatura para outros locais que eles próprios me aconselhavam. Quase todas as povoações possuíam, e isso ainda hoje se mantém, um fontanário público onde fazia o pleno do depósito e não raras vezes WC também públicos, que aproveitava para o resto. Não havia condicionalismos de estacionamento e pernoita, embora as ASs fossem muito raras, excepto em França e na Alemanha, países onde o autocaravanismo sempre teve, desde há muitos anos, boa rede de AS para ACs. Hoje tudo é bastante diferente, para melhor!
Países do Leste, hoje abertos e na UE, estão a queimar etapas na aproximação ao resto da Europa, mesmo na criação de infraestruturas para ACs.
Já em 2000, na Eslovénia, pernoitei no antigo quintal de uma moradia, entretanto adaptado para receber até 10 ACs! Cá em Portugal seria impensável tal acontecer, devido ao excesso de burocracia limitadora da iniciativa individual nessa área, como noutras!
Aliás, posso falar por experiência própria, dado que há anos pensei em construir, numa propriedade que possuo no Minho, uma AS equipada para ACs e desisti, face à burocracia. Grande parte dos nossos responsáveis políticos, com a falta de visão estratégica que os caracteriza, ainda não conseguiu perceber a mais valia que uma rede de AS espalhada pelo país representaria.
Aliás, ainda não consegui perceber, também, a atitude do ACP, do qual sou sócio já lá vão cerca de 40 anos, como grande clube representativo dos automobilistas e potencialmente dos autocaravanistas. Não seria de esperar que já tivesse avançado, a sério, com uma estratégia de promoção de estruturas para ACs a nível nacional?
Infelizmente, continuamos a estar na cauda da Europa nesta como noutras áreas.
Em Itália, onde o autocaravanismo teve um "boom" extraordinário na última década, as AS também proliferam, tanto públicas como privadas e as ACs são bem vindas. Até nas grandes cidades já há AS nas entradas, guardadas 24/24h e com transportes públicos no local, por vezes já com transporte incluido no preço da AS. Por cá... é o que todos sabemos!!
Mas... tudo isto são desabafos!
Como o meu querido furgão já estava ultrapassado em termos de equipamentos, bem como em espaço necessário, despachei-o e adquiri, feita por encomenda, uma AC no Andrade. Durou dez anos e cerca de 100 000kms sem problemas e em 2007 passei-a a patacos e, também no Andrade, foi construída, sob minha supervisão e orientação permanentes, a minha actual, com todos os requintes possíveis num espaço de 5,98m de cumprimento, dado que a garagem de minha casa não permite maiores veleidades. Conseguimos, no entanto, meter o Rossio na rua da Petesga e está lá tudo o que eu desejava. Espero que esta seja minha ainda por muitos e bons anos em passeios por onde calhar.
Resumidamente, acabei de traçar o meu percurso até aos dias de hoje, por forma a situar os meus possíveis leitores.
Nas minhas futuras mensagens, tentarei passar a texto e publicar fotos de algumas das viagens que mais me marcaram.
Estou já a trabalhar no relato da minha viagem à Rússia em 2007.
Até lá, possivelmente após a viagem que penso fazer, na Páscoa, pela costa vicentina, desejo a todos páscoas felizes e... bons passeios.
Para não maçar, direi apenas que a auto-tenda vigorou 3 anos, a que se seguiu uma caravana cujo avançado mais parecia um pagode chinês, com montes de espaço e no qual se passaram largas noites de amena cavaqueira e animados debates políticos, ou não estivéssemos no dealbar da nossa democracia. Boas recordações, bons amigos, grandes tertúlias, acalorados debates políticos. Enfim... muitas saudades e memórias de amigos de vários quadrantes políticos! Infelizmente, tudo isso se perdeu, já pela partida de alguns deles, já pelo desencanto na política.
Então, aí pela primavera de 80, resolvi despachar a caravana dada a sua já proveta idade e dificuldade de reboque e montagem do avançado. Felizmente tudo correu bem e, para minha felicidade, consegui desencantar um furgão fiat ducato, "amenagée" com requintes de cuidado (para a época). Ainda hoje tenho saudades dessa máquina! Com ela, comecei a aventurar-me, Europa fora, com grande satisfação, minha e da família.
Era ainda o tempo do lá vem um! em que a saudação entre nós era habitual, em que a convivência era a regra e em que as estruturas de apoio, mesmo na Europa, escasseavam. Nessa altura criei um hábito que ainda hoje mantenho:
- Para pernoitar, optava por pequenas povoações onde entrava ao final do dia, percorrendo-as e escolhendo o local para estacionar, de preferência central, perto das autoridades e, portanto, com bastante segurança. Enquanto a minha mulher tratava do "tacho", dava uma volta, entabulava conversa com os habitantes locais e, não muitas vezes, era simpaticamente convidado a deslocar a viatura para outros locais que eles próprios me aconselhavam. Quase todas as povoações possuíam, e isso ainda hoje se mantém, um fontanário público onde fazia o pleno do depósito e não raras vezes WC também públicos, que aproveitava para o resto. Não havia condicionalismos de estacionamento e pernoita, embora as ASs fossem muito raras, excepto em França e na Alemanha, países onde o autocaravanismo sempre teve, desde há muitos anos, boa rede de AS para ACs. Hoje tudo é bastante diferente, para melhor!
Países do Leste, hoje abertos e na UE, estão a queimar etapas na aproximação ao resto da Europa, mesmo na criação de infraestruturas para ACs.
Já em 2000, na Eslovénia, pernoitei no antigo quintal de uma moradia, entretanto adaptado para receber até 10 ACs! Cá em Portugal seria impensável tal acontecer, devido ao excesso de burocracia limitadora da iniciativa individual nessa área, como noutras!
Aliás, posso falar por experiência própria, dado que há anos pensei em construir, numa propriedade que possuo no Minho, uma AS equipada para ACs e desisti, face à burocracia. Grande parte dos nossos responsáveis políticos, com a falta de visão estratégica que os caracteriza, ainda não conseguiu perceber a mais valia que uma rede de AS espalhada pelo país representaria.
Aliás, ainda não consegui perceber, também, a atitude do ACP, do qual sou sócio já lá vão cerca de 40 anos, como grande clube representativo dos automobilistas e potencialmente dos autocaravanistas. Não seria de esperar que já tivesse avançado, a sério, com uma estratégia de promoção de estruturas para ACs a nível nacional?
Infelizmente, continuamos a estar na cauda da Europa nesta como noutras áreas.
Em Itália, onde o autocaravanismo teve um "boom" extraordinário na última década, as AS também proliferam, tanto públicas como privadas e as ACs são bem vindas. Até nas grandes cidades já há AS nas entradas, guardadas 24/24h e com transportes públicos no local, por vezes já com transporte incluido no preço da AS. Por cá... é o que todos sabemos!!
Mas... tudo isto são desabafos!
Como o meu querido furgão já estava ultrapassado em termos de equipamentos, bem como em espaço necessário, despachei-o e adquiri, feita por encomenda, uma AC no Andrade. Durou dez anos e cerca de 100 000kms sem problemas e em 2007 passei-a a patacos e, também no Andrade, foi construída, sob minha supervisão e orientação permanentes, a minha actual, com todos os requintes possíveis num espaço de 5,98m de cumprimento, dado que a garagem de minha casa não permite maiores veleidades. Conseguimos, no entanto, meter o Rossio na rua da Petesga e está lá tudo o que eu desejava. Espero que esta seja minha ainda por muitos e bons anos em passeios por onde calhar.
Resumidamente, acabei de traçar o meu percurso até aos dias de hoje, por forma a situar os meus possíveis leitores.
Nas minhas futuras mensagens, tentarei passar a texto e publicar fotos de algumas das viagens que mais me marcaram.
Estou já a trabalhar no relato da minha viagem à Rússia em 2007.
Até lá, possivelmente após a viagem que penso fazer, na Páscoa, pela costa vicentina, desejo a todos páscoas felizes e... bons passeios.
domingo, 21 de março de 2010
A minha história, desde campista itinerante, até autocaravanista militante, parte 3 : A vida de um Teenagger na década de 60 do Séc.XX
Pois é, hoje vou tentar recordar algumas das peripécias da minha vida, dos 17 aos 20, isto é, desde que entrei para a faculdade até bater com os costados na tropa.
Hoje, já bem entrado na casa dos 60, recordo com alguma saudade a época heróica da minha adolescência e comparando-a com a actualidade dos miúdos de agora, não posso deixar de reconhecer que, nessa altura, a vida de qualquer adolescente da classe média estava extremamente condicionada. A sociedade regia-se por valores que contestávamos mas aos quais estávamos sempre sujeitos, fossem quais fossem as nossas convicções. Debaixo da capa e da desculpa do regime então vigente, vivia-se uma moral jesuítica e castradora e, por consequência, a nossa geração teve de imaginar subterfúgios para a ultrapassar, sem sofrer, ou pelo menos minimizar, as consequências de acções desenquadradas do status quo.
De qualquer forma, a nossa imaginação de adolescentes lá conseguia dar vazão à natural rebeldia própria da idade.
Muitos dos rapazes e raparigas da minha idade, nessa altura e enquanto "liceais" aproveitavam a obrigatoriedade de "alinhar" na Mocidade Portuguesa para, debaixo dessa capa exterior, darem vazão às naturais lutas hormonais, naturais nessas idades, mas na altura muito controladas e reprimidas, organizando convívios, bailes e festas, nas garagens de alguns pais mais liberais. Recordo-me bem do secretismo de que tais acções se revestiam, sob pena de podermos ser acusados de praticar actos condenáveis à luz da moral e da ordem vigente. Ser da MP era como que uma capa de impunidade que sabíamos aproveitar como podíamos. Na faculdade, as coisas eram já de outra forma: Uns estudavam, outros nem tanto; uns eram políticos e estudavam, outros nem tanto; uns eram dados à farra mas ligavam às sebentas e às aulas, outros também eram dados à farra, mas quanto a sebentas, aulas e política nem pó!
Infelizmente, digo eu agora, enquadrei-me nesta última classe, mas na altura, de hormonas aos saltos, as minhas preocupações eram tudo menos os futuro até porque, pensava eu:
- Vou para a guerra , se calhar fico por lá e para quê estudar? Na minha campa nem sequer vai ficar : aqui jaz o Dr fulano de tal, mas sim aqui jaz o alferes ..., portanto vamos viver a hora e o resto se verá.
Nas férias grandes, era a época em que, na praia onde passávamos o verão, nos reencontrávamos todos, após um ano em que cada qual fazia a faculdade em locais diferentes.
Eu, a minha irmã e mais alguns e algumas colegas, passávamos o verão em V.Praia de Âncora, em casa alugada à época e onde todos vivíamos em perfeita comunidade e total harmonia. O nosso grupo, sempre muito animado, era frequentemente requerido para os diversos bailes das redondezas e não nos fazíamos rogados.Lá chegados, era tudo nosso, não só pelo nosso número (cerca de 20), como pela nossa juventude irreverente. Foi por essa altura que conheci o Quim Barreiros, já então grande animador, como tocador de concertina e cantor de brejeirices, nosso parceiro em bastantes farras.
Fosse qual fosse a deslocação, obrigatoriamente tinha que terminar no paredão da praia, ao amanhecer, a comer pão quente previamente comprado e às vezes oferecido na padaria local, besuntado com manteiga, regado com vinho verde (ás seis da manhã!!!) enquanto apreciávamos o banho das senhoras das aldeias, cobertas por combinações (pois a moral não lhes permitia usar fato de banho), mas que, molhadas, deixavam a descoberto todas as suas formas. Para nós, era um espectáculo único!
Portanto, na minha adolescência, o campismo não me atraiu, dado que no verão era praia e durante o ano lectivo, não dava para o campismo, embora a aplicação nos estudos não fosse por aí além. Quanto a escutismo, nunca foi do meu interesse.
Assim se passaram alguns anos até que, mercê do meu mau aproveitamento escolar, tive de abandonar o curso superior na universidade e bater com os costados em Angola onde, aí sim, tive de praticar algumas vezes campismo, mas de outro tipo e nada agradável. A propósito, quero deixar bem claro que, embora não concordando com o regime, nunca alinhei em política. Apesar disso, fui para Angola de livre vontade, podendo não tê-lo feito já que não teria dificuldade em sair do país como alguns fizeram, regressando depois do 25 de Abril se calhar, como muitos, armado em herói quando, em meu entender, alguns deles se valeram de pretextos plíticos para encobrir a sua falta de coragem. No entanto, cada um é fruto das suas circunstâncias e não me interessam as opções de cada um. Eu, optei por cumprir o meu dever. Mas isso são contas de outro rosário.
Regressei, são e salvo e de cabeça erguida do dever cumprido!
Cá chegado, tive de arranjar emprego, o que na época não era difícil e optei, dentre as várias hipóteses surgidas, por ir para a banca, dado que não queria trabalhar com o meu pai, por necessidade de independência e porque pretendia acabar o curso superior deixado a meio.
Com a independência que um emprego fixo me trazia, entendi, então, que era a altura de retomar as minhas andanças campistas.
Se assim pensei, melhor o fiz e eis-me, em determinado verão, ao volante de uma bomba entretanto adquirida (Datsun 1600 SSS, lembram-se do modelo?, bem acompanhado, a caminho de Andorra, que eu já conhecia de outras andanças, onde adquiri uma auto-tenda, toda finess, e que me custou os olhos da cara, mas como já me tinha "aburguesado", não me apetecia andar de tenda às costas.
Assim começa a 2ª parte da minha história de campista. Mas deixo essa história para outro dia.
Hoje, já bem entrado na casa dos 60, recordo com alguma saudade a época heróica da minha adolescência e comparando-a com a actualidade dos miúdos de agora, não posso deixar de reconhecer que, nessa altura, a vida de qualquer adolescente da classe média estava extremamente condicionada. A sociedade regia-se por valores que contestávamos mas aos quais estávamos sempre sujeitos, fossem quais fossem as nossas convicções. Debaixo da capa e da desculpa do regime então vigente, vivia-se uma moral jesuítica e castradora e, por consequência, a nossa geração teve de imaginar subterfúgios para a ultrapassar, sem sofrer, ou pelo menos minimizar, as consequências de acções desenquadradas do status quo.
De qualquer forma, a nossa imaginação de adolescentes lá conseguia dar vazão à natural rebeldia própria da idade.
Muitos dos rapazes e raparigas da minha idade, nessa altura e enquanto "liceais" aproveitavam a obrigatoriedade de "alinhar" na Mocidade Portuguesa para, debaixo dessa capa exterior, darem vazão às naturais lutas hormonais, naturais nessas idades, mas na altura muito controladas e reprimidas, organizando convívios, bailes e festas, nas garagens de alguns pais mais liberais. Recordo-me bem do secretismo de que tais acções se revestiam, sob pena de podermos ser acusados de praticar actos condenáveis à luz da moral e da ordem vigente. Ser da MP era como que uma capa de impunidade que sabíamos aproveitar como podíamos. Na faculdade, as coisas eram já de outra forma: Uns estudavam, outros nem tanto; uns eram políticos e estudavam, outros nem tanto; uns eram dados à farra mas ligavam às sebentas e às aulas, outros também eram dados à farra, mas quanto a sebentas, aulas e política nem pó!
Infelizmente, digo eu agora, enquadrei-me nesta última classe, mas na altura, de hormonas aos saltos, as minhas preocupações eram tudo menos os futuro até porque, pensava eu:
- Vou para a guerra , se calhar fico por lá e para quê estudar? Na minha campa nem sequer vai ficar : aqui jaz o Dr fulano de tal, mas sim aqui jaz o alferes ..., portanto vamos viver a hora e o resto se verá.
Nas férias grandes, era a época em que, na praia onde passávamos o verão, nos reencontrávamos todos, após um ano em que cada qual fazia a faculdade em locais diferentes.
Eu, a minha irmã e mais alguns e algumas colegas, passávamos o verão em V.Praia de Âncora, em casa alugada à época e onde todos vivíamos em perfeita comunidade e total harmonia. O nosso grupo, sempre muito animado, era frequentemente requerido para os diversos bailes das redondezas e não nos fazíamos rogados.Lá chegados, era tudo nosso, não só pelo nosso número (cerca de 20), como pela nossa juventude irreverente. Foi por essa altura que conheci o Quim Barreiros, já então grande animador, como tocador de concertina e cantor de brejeirices, nosso parceiro em bastantes farras.
Fosse qual fosse a deslocação, obrigatoriamente tinha que terminar no paredão da praia, ao amanhecer, a comer pão quente previamente comprado e às vezes oferecido na padaria local, besuntado com manteiga, regado com vinho verde (ás seis da manhã!!!) enquanto apreciávamos o banho das senhoras das aldeias, cobertas por combinações (pois a moral não lhes permitia usar fato de banho), mas que, molhadas, deixavam a descoberto todas as suas formas. Para nós, era um espectáculo único!
Portanto, na minha adolescência, o campismo não me atraiu, dado que no verão era praia e durante o ano lectivo, não dava para o campismo, embora a aplicação nos estudos não fosse por aí além. Quanto a escutismo, nunca foi do meu interesse.
Assim se passaram alguns anos até que, mercê do meu mau aproveitamento escolar, tive de abandonar o curso superior na universidade e bater com os costados em Angola onde, aí sim, tive de praticar algumas vezes campismo, mas de outro tipo e nada agradável. A propósito, quero deixar bem claro que, embora não concordando com o regime, nunca alinhei em política. Apesar disso, fui para Angola de livre vontade, podendo não tê-lo feito já que não teria dificuldade em sair do país como alguns fizeram, regressando depois do 25 de Abril se calhar, como muitos, armado em herói quando, em meu entender, alguns deles se valeram de pretextos plíticos para encobrir a sua falta de coragem. No entanto, cada um é fruto das suas circunstâncias e não me interessam as opções de cada um. Eu, optei por cumprir o meu dever. Mas isso são contas de outro rosário.
Regressei, são e salvo e de cabeça erguida do dever cumprido!
Cá chegado, tive de arranjar emprego, o que na época não era difícil e optei, dentre as várias hipóteses surgidas, por ir para a banca, dado que não queria trabalhar com o meu pai, por necessidade de independência e porque pretendia acabar o curso superior deixado a meio.
Com a independência que um emprego fixo me trazia, entendi, então, que era a altura de retomar as minhas andanças campistas.
Se assim pensei, melhor o fiz e eis-me, em determinado verão, ao volante de uma bomba entretanto adquirida (Datsun 1600 SSS, lembram-se do modelo?, bem acompanhado, a caminho de Andorra, que eu já conhecia de outras andanças, onde adquiri uma auto-tenda, toda finess, e que me custou os olhos da cara, mas como já me tinha "aburguesado", não me apetecia andar de tenda às costas.
Assim começa a 2ª parte da minha história de campista. Mas deixo essa história para outro dia.
sexta-feira, 19 de março de 2010
A minha história, desde campista itinerante até autocaravanista militante- parte 2
Na década de 60 do século passado, como sabem aqueles que a viveram, sair de Portugal não era fácil.
Felizmente para mim, minhoto raiano, atravessar a fronteira não era nada de complicado. Por essa época, estávamos no tempo da passagem a salto de emigrantes para França e na aldeia onde nasci, os homens válidos estavam todos lá fora, portanto havia sempre, em França, apoio logístico. Enquanto estudante, passei quase todos os anos as férias grandes a viajar pela Europa. Sempre de mochila às costas, trabalhando na apanha de frutas, vendendo jornais em Paris ou carregando sacos às costas em Hamburgo, sempre arranjei uns cobres para completar a mesada que o meu pai me fornecia.
Nessa época, atravessar a Espanha à boleia não era tarefa fácil, dada a exiguidade de trânsito circulante e disponibilidade de lugar nos carros que passavam.
Não existindo, embora, os receios que hoje se colocam aos condutores a que é solicitada boleia, ir da fronteira portuguesa até França, era tarefa para demorar quase oito dias, se não se tivesse a sorte de apanhar algum camionista, dos poucos que circulavam, na altura, nesse trajecto. A maior parte das vezes tínhamos que aceitar as boleias curtas e assim de terra em terra, atravessarmos a imensa Espanha.
Felizmente para mim tinha apoio logístico em Madrid, onde viviam os meus avós maternos e onde o meu avô era, à altura, funcionário da Compañia Telefonica Nacional de España. A propósito, lembro-me muito bem do apoio que os meus avós disponibilizavam aos portugueses mais afoitos que pretendendo ir para França não queriam ir acarneirados por passadores e optavam por fazer a viagem sós ou dois a dois, indo até Madrid e aí o meu avô, com os seus conhecimentos na CTNE conseguia que colegas seus, em algumas povoações mais perto de França os apoiassem na travessia da fronteira Espanha-França, muitas vezes fazendo-os passar por funcionários da companhia.Esta rede de apoio aos portugueses era voluntária e sem qualquer carácter político ou económico. Ainda hoje muitos ex-emigrantes entretanto regressados a Portugal se mantêm reconhecidos a essa rede de solidariedade que os ajudou a emigrar e assim, embora com muito trabalho e sacrifícios, terem a vida de algum desafogo económico que hoje possuem.
Mas, este aparte vem a propósito das tais dificuldades de sair do país na década de 60 do século passado e das facilidades que, apesar de tudo, eu tinha de furar o bloqueio.
Assim, como disse, lá consegui contactar a civilização e esse bichinho ficou-me até hoje.
A propósito, recordo-me de um episódio que vivi, na altura, na Côte D'Azur, perto de Nice:
Estava eu e um amigo meu a pedir boleia numa estrada secundária, ladeada por pomares de macieiras, carregadinhas de frutos vermelhos e muito apetitosos, cheios de calor e até alguma larica. Perante isso, resolvemos saltar a vedação de um pomar para "sacar" umas maçãzitas. Quando já tínhamos, cada um, 1/2 dúzia num saquito, salta-nos à frente um enorme cão, vindo não sei de onde, que nos deixa paralizados. De seguida, aparece um indivíduo armado que, dirigindo-se-nos, em francês, berra:
- Com que então a roubar maçãs, ehn? Pois é, vou ter de te entregar à polícia!
- Por favor, nós só estávamos a tirar 1/2 dúzia de maçãs!
- Não interessa, isto é privado e portanto estão a roubar.
- Mas nós entregamos as maçãs.
- Nem pensar!
- Por favor, deixe-nos ir embora, que não voltamos a fazer!
- Nem pensem, vão ter de me acompanhar até ao patrão!
Perante o tom ameaçador, o cão e a arma, não tivemos outro remédio senão segui-lo.
Lá fomos e a determinada altura, vemos ranchos de pessoal, sensivelmente da nossa idade (17 anos na altura), ao lado de tractores, a apanhar fruta para caixas.
Chegados à casa da quinta, aparece-nos um senhor, todo francês, que nos atira:
- Duas hipóteses: ou polícia ou apanhar fruta!
- Apanhar fruta, respondi logo, esperando que a coisa não fosse por muito tempo e na esperança de, na 1ª oportunidade, dar-mos o frosques.
- O.K. Manuel, leva-os para junto dos outros.
Aí apercebe-mo-nos que o sacana do guarda era português e não tinha dado sinal de vida! e ainda por cima tinha ouvido os nossos apartes durante a percurso desde a vedação até à casa e os nossos desabafos não tinham sido muito meigos!
Enfim, chegando ao grupo "operário" verificámos que tínhamos caído num grupo de estudantes que aproveitavam as férias para ganhar "algum" e ficámos logo perfeitamente enquadrados no esquema. Até havia um grupo de 4 espanhóis de Zamora, aos quais tinha acontecido o mesmo que a nós. Estavam alí ia para quinze dias e no domingo de cada fim de semana não se trabalhava e recebia-se o pagamento. Afinal, até nem era mau: ganhava-se bastante bem, o grupo de cerca de 70 jovens era porreiro, as instalações em camarata até eram bastante aceitáveis, com cama individual, casas de banho colectivas, grande cozinha comunal enfim, mesmo giro! Ainda por cima havia gente de vários países, e no final do jantar ou se saía ou se ficava a curtir música tocada pelos "residentes", etc.
Conclusão: passámos 15 dias na maior, ganhámos uns francos, divertímo-nos e foi óptimo!
E afinal concluimos que o guarda , com quem acabámos por nos relacionar, era muito simpático, contou-nos que ele passava muitas vezes horas escondido com o cão e arma, à espera de putos como nós para serem arregimentados, dado que, nesse ano, não tinham vindo tantos estudantes como o patrão esperava para a campanha e ele, o Manuel, português de Pombal, desenrascado como só nós os Portugueses conseguimos ser, tinha proposto ao patrão, o esquema de recrutamento que nos foi aplicado.
Afinal, todos saímos a ganhar e dali fomos visitar, pela 1ª vez, o Mónaco onde passámos também oito dias no bem bom, com duas amigas espanholas, de Barcelona, nossas colegas na apanha de maçãs, com quem continuámos a relacionar-nos até sermos chamados para a tropa, anos depois.
Desta vez, sempre que necessário, utilizámos a nossa tenda, comprada anteriormente em Andorra, nos armazéns Pirinéés. Era pesada, mas muito geitosa!
Felizmente para mim, minhoto raiano, atravessar a fronteira não era nada de complicado. Por essa época, estávamos no tempo da passagem a salto de emigrantes para França e na aldeia onde nasci, os homens válidos estavam todos lá fora, portanto havia sempre, em França, apoio logístico. Enquanto estudante, passei quase todos os anos as férias grandes a viajar pela Europa. Sempre de mochila às costas, trabalhando na apanha de frutas, vendendo jornais em Paris ou carregando sacos às costas em Hamburgo, sempre arranjei uns cobres para completar a mesada que o meu pai me fornecia.
Nessa época, atravessar a Espanha à boleia não era tarefa fácil, dada a exiguidade de trânsito circulante e disponibilidade de lugar nos carros que passavam.
Não existindo, embora, os receios que hoje se colocam aos condutores a que é solicitada boleia, ir da fronteira portuguesa até França, era tarefa para demorar quase oito dias, se não se tivesse a sorte de apanhar algum camionista, dos poucos que circulavam, na altura, nesse trajecto. A maior parte das vezes tínhamos que aceitar as boleias curtas e assim de terra em terra, atravessarmos a imensa Espanha.
Felizmente para mim tinha apoio logístico em Madrid, onde viviam os meus avós maternos e onde o meu avô era, à altura, funcionário da Compañia Telefonica Nacional de España. A propósito, lembro-me muito bem do apoio que os meus avós disponibilizavam aos portugueses mais afoitos que pretendendo ir para França não queriam ir acarneirados por passadores e optavam por fazer a viagem sós ou dois a dois, indo até Madrid e aí o meu avô, com os seus conhecimentos na CTNE conseguia que colegas seus, em algumas povoações mais perto de França os apoiassem na travessia da fronteira Espanha-França, muitas vezes fazendo-os passar por funcionários da companhia.Esta rede de apoio aos portugueses era voluntária e sem qualquer carácter político ou económico. Ainda hoje muitos ex-emigrantes entretanto regressados a Portugal se mantêm reconhecidos a essa rede de solidariedade que os ajudou a emigrar e assim, embora com muito trabalho e sacrifícios, terem a vida de algum desafogo económico que hoje possuem.
Mas, este aparte vem a propósito das tais dificuldades de sair do país na década de 60 do século passado e das facilidades que, apesar de tudo, eu tinha de furar o bloqueio.
Assim, como disse, lá consegui contactar a civilização e esse bichinho ficou-me até hoje.
A propósito, recordo-me de um episódio que vivi, na altura, na Côte D'Azur, perto de Nice:
Estava eu e um amigo meu a pedir boleia numa estrada secundária, ladeada por pomares de macieiras, carregadinhas de frutos vermelhos e muito apetitosos, cheios de calor e até alguma larica. Perante isso, resolvemos saltar a vedação de um pomar para "sacar" umas maçãzitas. Quando já tínhamos, cada um, 1/2 dúzia num saquito, salta-nos à frente um enorme cão, vindo não sei de onde, que nos deixa paralizados. De seguida, aparece um indivíduo armado que, dirigindo-se-nos, em francês, berra:
- Com que então a roubar maçãs, ehn? Pois é, vou ter de te entregar à polícia!
- Por favor, nós só estávamos a tirar 1/2 dúzia de maçãs!
- Não interessa, isto é privado e portanto estão a roubar.
- Mas nós entregamos as maçãs.
- Nem pensar!
- Por favor, deixe-nos ir embora, que não voltamos a fazer!
- Nem pensem, vão ter de me acompanhar até ao patrão!
Perante o tom ameaçador, o cão e a arma, não tivemos outro remédio senão segui-lo.
Lá fomos e a determinada altura, vemos ranchos de pessoal, sensivelmente da nossa idade (17 anos na altura), ao lado de tractores, a apanhar fruta para caixas.
Chegados à casa da quinta, aparece-nos um senhor, todo francês, que nos atira:
- Duas hipóteses: ou polícia ou apanhar fruta!
- Apanhar fruta, respondi logo, esperando que a coisa não fosse por muito tempo e na esperança de, na 1ª oportunidade, dar-mos o frosques.
- O.K. Manuel, leva-os para junto dos outros.
Aí apercebe-mo-nos que o sacana do guarda era português e não tinha dado sinal de vida! e ainda por cima tinha ouvido os nossos apartes durante a percurso desde a vedação até à casa e os nossos desabafos não tinham sido muito meigos!
Enfim, chegando ao grupo "operário" verificámos que tínhamos caído num grupo de estudantes que aproveitavam as férias para ganhar "algum" e ficámos logo perfeitamente enquadrados no esquema. Até havia um grupo de 4 espanhóis de Zamora, aos quais tinha acontecido o mesmo que a nós. Estavam alí ia para quinze dias e no domingo de cada fim de semana não se trabalhava e recebia-se o pagamento. Afinal, até nem era mau: ganhava-se bastante bem, o grupo de cerca de 70 jovens era porreiro, as instalações em camarata até eram bastante aceitáveis, com cama individual, casas de banho colectivas, grande cozinha comunal enfim, mesmo giro! Ainda por cima havia gente de vários países, e no final do jantar ou se saía ou se ficava a curtir música tocada pelos "residentes", etc.
Conclusão: passámos 15 dias na maior, ganhámos uns francos, divertímo-nos e foi óptimo!
E afinal concluimos que o guarda , com quem acabámos por nos relacionar, era muito simpático, contou-nos que ele passava muitas vezes horas escondido com o cão e arma, à espera de putos como nós para serem arregimentados, dado que, nesse ano, não tinham vindo tantos estudantes como o patrão esperava para a campanha e ele, o Manuel, português de Pombal, desenrascado como só nós os Portugueses conseguimos ser, tinha proposto ao patrão, o esquema de recrutamento que nos foi aplicado.
Afinal, todos saímos a ganhar e dali fomos visitar, pela 1ª vez, o Mónaco onde passámos também oito dias no bem bom, com duas amigas espanholas, de Barcelona, nossas colegas na apanha de maçãs, com quem continuámos a relacionar-nos até sermos chamados para a tropa, anos depois.
Desta vez, sempre que necessário, utilizámos a nossa tenda, comprada anteriormente em Andorra, nos armazéns Pirinéés. Era pesada, mas muito geitosa!
A minha história desde campista itinerante, até autocaravanista militante- parte 1
Para memória futura, como agora está na moda utilizar-se quando se pretende deixar testemunho para usar futuramente, vou iniciar o relato das aventuras e também algumas desventuras nas minhas andanças.
Iniciei-me no campismo, como forma expedita e económica de viajar por montes e vales, aldeias e cidades, cá dentro e lá fora, aos meus 15 anos. Foi assim:
Como estudante do secundário em colégio interno (D. Diogo de Sousa, em Braga)tinha uma curiosidade imensa em conhecer mundo e nessa altura - estávamos na década de 60 - sair do país não era nada fácil dados os condicionalismos salazaristas.
No entanto, consegui arregimentar um colega, moçambicano e comigo interno no D. Diogo, portanto livre de compromissos nas férias grandes e disponível para partilhar a minha aventura.
Assim, cheios de curiosidade e também algum receio, de tosca mochila às costas, a abarrotar de comidinha pré-confecionada em casa de meus pais, dois panos de tenda utilizados na então MP, meia dúzia de peças de roupa e algumas pesetas no bolso, lá partimos rumo à Galiza.
O nosso objectivo era percorrer as Rias Bajas, acampando onde calhasse - nessa época não havia condicionalismos tanto ambientais como de segurança.
Assim, após uma passagem clandestina do Rio Minho, lá nos colocámos à beira da estrada, de braço estendido, à boa maneira antiga de pedir boleia. Depois de alguns insucessos, lá conseguimos que uma alma caridosa nos levasse até Vigo. O condutor, galego simpático, quis saber o que andavam a fazer, naqueles propósitos, dois adolescentes portugueses por terras galegas. Contámos a nossa história e, como consequência, "exigiu" que albergássemos em sua casa até ao dia seguinte.
Como poderão imaginar, aceitamos de imediato a oferta e assim nos achámos instalados em casa de uma família galega, sentados à mesa com os anfitriões a petiscar excelentes calamares confeccionados pela esposa. En passand, confesso que ainda hoje, decorridos quase 50 anos, não esqueci o excelente sabor daquele petisco, para nós, até então desconhecido. Ainda por cima, fomos brindados com um excelente branco do Ribeiro que, simples adolescentes, nos causou algum torpor, mas nada que nos descompusesse.
Assim, o que pretendíamos que fosse a nossa primeira noite de acampamento selvagem, acabou por se consubstanciar numa boa noite de sono debaixo de telha.
Após pequeno almoço com leite e churros, enormes agradecimentos aos nossos simpáticos anfitriões e mochilas às costas, lá partimos, Rias Bajas acima, até Sansenxo, onde acampámos em plena praia até ao dia seguinte. Por aí ficámos esse dia e, na noite seguinte, já tivemos companhia de mais dois portugueses, universitários e mais velhos que nós e alunos, na ilha da Tocha, nesse mês de Agosto, de um curso de castelhano para estrangeiros pela Universidade de Santiago. Convidaram-nos a acompanhá-los até lá e, extremamente orgulhosos do convite, fomos com eles, à boleia, claro está.
Com algumas peripécias engraçadas pelo caminho, lá chegámos. Montamos tenda em plena praia da ilha, debaixo de uma frondosa árvore e por aí nos quedamos.
Na tarde seguinte, estando nós tranquilamente deitados na areia e eu a ler - não me esqueço do título:Exudus, do Leon Uris,- aparecem os nossos já amigos, acompanhados por 4 esculturais suecas, suas colegas de curso!
Ficámos de olhos esbugalhados!
Então sou chamado à parte por um deles.
Sai-lhe, de chofre:
- Olha lá ó miúdo, tendes dinheiro?
- Bem... algum, porquê?
- Então é assim: estamos tesos que nem carapaus ao sol, nem para morfes temos. Estás a ver os monumentos aqui ao lado? Tendes duas hipóteses: ou ficais com os vossos cobres e... tudo bem, levais essa vida triste de praia e leitura, ou financiais o pessoal enquanto o dinheiro durar e garanto-vos grandes farras!!
Perante esta proposta, não pensei duas vezes e, sem sequer consultar o meu amigo, aliás no êxtase natural dos seus 15 anitos perante os monumentos a seu lado:
- Ok! tá feito!
Bem... umas férias projectadas para um mês inteiro, resumiram-se a oito memoráveis dias cuja indelével recordação perdura.
Claro que, quando chegámos à quinta de meus pais, o meu velho quis saber as razões do nosso regresso antecipado! Bem... a ele a gente contou, embora muito por alto, mais ou menos como eu vos relato aqui. À minha mãe e à minha irmã, nem pó!
PS- A aventura custou-nos um resto de mês a trabalhar na quinta para ganhar alguns cobrezitos que iam dando para os nossos pirolitos.
Iniciei-me no campismo, como forma expedita e económica de viajar por montes e vales, aldeias e cidades, cá dentro e lá fora, aos meus 15 anos. Foi assim:
Como estudante do secundário em colégio interno (D. Diogo de Sousa, em Braga)tinha uma curiosidade imensa em conhecer mundo e nessa altura - estávamos na década de 60 - sair do país não era nada fácil dados os condicionalismos salazaristas.
No entanto, consegui arregimentar um colega, moçambicano e comigo interno no D. Diogo, portanto livre de compromissos nas férias grandes e disponível para partilhar a minha aventura.
Assim, cheios de curiosidade e também algum receio, de tosca mochila às costas, a abarrotar de comidinha pré-confecionada em casa de meus pais, dois panos de tenda utilizados na então MP, meia dúzia de peças de roupa e algumas pesetas no bolso, lá partimos rumo à Galiza.
O nosso objectivo era percorrer as Rias Bajas, acampando onde calhasse - nessa época não havia condicionalismos tanto ambientais como de segurança.
Assim, após uma passagem clandestina do Rio Minho, lá nos colocámos à beira da estrada, de braço estendido, à boa maneira antiga de pedir boleia. Depois de alguns insucessos, lá conseguimos que uma alma caridosa nos levasse até Vigo. O condutor, galego simpático, quis saber o que andavam a fazer, naqueles propósitos, dois adolescentes portugueses por terras galegas. Contámos a nossa história e, como consequência, "exigiu" que albergássemos em sua casa até ao dia seguinte.
Como poderão imaginar, aceitamos de imediato a oferta e assim nos achámos instalados em casa de uma família galega, sentados à mesa com os anfitriões a petiscar excelentes calamares confeccionados pela esposa. En passand, confesso que ainda hoje, decorridos quase 50 anos, não esqueci o excelente sabor daquele petisco, para nós, até então desconhecido. Ainda por cima, fomos brindados com um excelente branco do Ribeiro que, simples adolescentes, nos causou algum torpor, mas nada que nos descompusesse.
Assim, o que pretendíamos que fosse a nossa primeira noite de acampamento selvagem, acabou por se consubstanciar numa boa noite de sono debaixo de telha.
Após pequeno almoço com leite e churros, enormes agradecimentos aos nossos simpáticos anfitriões e mochilas às costas, lá partimos, Rias Bajas acima, até Sansenxo, onde acampámos em plena praia até ao dia seguinte. Por aí ficámos esse dia e, na noite seguinte, já tivemos companhia de mais dois portugueses, universitários e mais velhos que nós e alunos, na ilha da Tocha, nesse mês de Agosto, de um curso de castelhano para estrangeiros pela Universidade de Santiago. Convidaram-nos a acompanhá-los até lá e, extremamente orgulhosos do convite, fomos com eles, à boleia, claro está.
Com algumas peripécias engraçadas pelo caminho, lá chegámos. Montamos tenda em plena praia da ilha, debaixo de uma frondosa árvore e por aí nos quedamos.
Na tarde seguinte, estando nós tranquilamente deitados na areia e eu a ler - não me esqueço do título:Exudus, do Leon Uris,- aparecem os nossos já amigos, acompanhados por 4 esculturais suecas, suas colegas de curso!
Ficámos de olhos esbugalhados!
Então sou chamado à parte por um deles.
Sai-lhe, de chofre:
- Olha lá ó miúdo, tendes dinheiro?
- Bem... algum, porquê?
- Então é assim: estamos tesos que nem carapaus ao sol, nem para morfes temos. Estás a ver os monumentos aqui ao lado? Tendes duas hipóteses: ou ficais com os vossos cobres e... tudo bem, levais essa vida triste de praia e leitura, ou financiais o pessoal enquanto o dinheiro durar e garanto-vos grandes farras!!
Perante esta proposta, não pensei duas vezes e, sem sequer consultar o meu amigo, aliás no êxtase natural dos seus 15 anitos perante os monumentos a seu lado:
- Ok! tá feito!
Bem... umas férias projectadas para um mês inteiro, resumiram-se a oito memoráveis dias cuja indelével recordação perdura.
Claro que, quando chegámos à quinta de meus pais, o meu velho quis saber as razões do nosso regresso antecipado! Bem... a ele a gente contou, embora muito por alto, mais ou menos como eu vos relato aqui. À minha mãe e à minha irmã, nem pó!
PS- A aventura custou-nos um resto de mês a trabalhar na quinta para ganhar alguns cobrezitos que iam dando para os nossos pirolitos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)