segunda-feira, 22 de março de 2010

A mnha história, desde campista itinerante, até autocaravanista militante - parte 4

Neste texto vou tentar resumir o meu percurso até à chegada da minha 1º autocaravana.
Para não maçar, direi apenas que a auto-tenda vigorou 3 anos, a que se seguiu uma caravana cujo avançado mais parecia um pagode chinês, com montes de espaço e no qual se passaram largas noites de amena cavaqueira e animados debates políticos, ou não estivéssemos no dealbar da nossa democracia. Boas recordações, bons amigos, grandes tertúlias, acalorados debates políticos. Enfim... muitas saudades e memórias de amigos de vários quadrantes políticos! Infelizmente, tudo isso se perdeu, já pela partida de alguns deles, já pelo desencanto na política.
Então, aí pela primavera de 80, resolvi despachar a caravana dada a sua já proveta idade e dificuldade de reboque e montagem do avançado. Felizmente tudo correu bem e, para minha felicidade, consegui desencantar um furgão fiat ducato, "amenagée" com requintes de cuidado (para a época). Ainda hoje tenho saudades dessa máquina! Com ela, comecei a aventurar-me, Europa fora, com grande satisfação, minha e da família.
Era ainda o tempo do lá vem um! em que a saudação entre nós era habitual, em que a convivência era a regra e em que as estruturas de apoio, mesmo na Europa, escasseavam. Nessa altura criei um hábito que ainda hoje mantenho:

- Para pernoitar, optava por pequenas povoações onde entrava ao final do dia, percorrendo-as e escolhendo o local para estacionar, de preferência central, perto das autoridades e, portanto, com bastante segurança. Enquanto a minha mulher tratava do "tacho", dava uma volta, entabulava conversa com os habitantes locais e, não muitas vezes, era simpaticamente convidado a deslocar a viatura para outros locais que eles próprios me aconselhavam. Quase todas as povoações possuíam, e isso ainda hoje se mantém, um fontanário público onde fazia o pleno do depósito e não raras vezes WC também públicos, que aproveitava para o resto. Não havia condicionalismos de estacionamento e pernoita, embora as ASs fossem muito raras, excepto em França e na Alemanha, países onde o autocaravanismo sempre teve, desde há muitos anos, boa rede de AS para ACs. Hoje tudo é bastante diferente, para melhor!
Países do Leste, hoje abertos e na UE, estão a queimar etapas na aproximação ao resto da Europa, mesmo na criação de infraestruturas para ACs.
Já em 2000, na Eslovénia, pernoitei no antigo quintal de uma moradia, entretanto adaptado para receber até 10 ACs! Cá em Portugal seria impensável tal acontecer, devido ao excesso de burocracia limitadora da iniciativa individual nessa área, como noutras!
Aliás, posso falar por experiência própria, dado que há anos pensei em construir, numa propriedade que possuo no Minho, uma AS equipada para ACs e desisti, face à burocracia. Grande parte dos nossos responsáveis políticos, com a falta de visão estratégica que os caracteriza, ainda não conseguiu perceber a mais valia que uma rede de AS espalhada pelo país representaria.
Aliás, ainda não consegui perceber, também, a atitude do ACP, do qual sou sócio já lá vão cerca de 40 anos, como grande clube representativo dos automobilistas e potencialmente dos autocaravanistas. Não seria de esperar que já tivesse avançado, a sério, com uma estratégia de promoção de estruturas para ACs a nível nacional?
Infelizmente, continuamos a estar na cauda da Europa nesta como noutras áreas.
Em Itália, onde o autocaravanismo teve um "boom" extraordinário na última década, as AS também proliferam, tanto públicas como privadas e as ACs são bem vindas. Até nas grandes cidades já há AS nas entradas, guardadas 24/24h e com transportes públicos no local, por vezes já com transporte incluido no preço da AS. Por cá... é o que todos sabemos!!
Mas... tudo isto são desabafos!

Como o meu querido furgão já estava ultrapassado em termos de equipamentos, bem como em espaço necessário, despachei-o e adquiri, feita por encomenda, uma AC no Andrade. Durou dez anos e cerca de 100 000kms sem problemas e em 2007 passei-a a patacos e, também no Andrade, foi construída, sob minha supervisão e orientação permanentes, a minha actual, com todos os requintes possíveis num espaço de 5,98m de cumprimento, dado que a garagem de minha casa não permite maiores veleidades. Conseguimos, no entanto, meter o Rossio na rua da Petesga e está lá tudo o que eu desejava. Espero que esta seja minha ainda por muitos e bons anos em passeios por onde calhar.
Resumidamente, acabei de traçar o meu percurso até aos dias de hoje, por forma a situar os meus possíveis leitores.
Nas minhas futuras mensagens, tentarei passar a texto e publicar fotos de algumas das viagens que mais me marcaram.
Estou já a trabalhar no relato da minha viagem à Rússia em 2007.
Até lá, possivelmente após a viagem que penso fazer, na Páscoa, pela costa vicentina, desejo a todos páscoas felizes e... bons passeios.

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